A Noiva Rejeitada do Alfa
A Noiva Rejeitada do Alfa
Por: Lili Marques
Capítulo 1 - Alina

Os olhos dourados viajavam de mim para o meu pai deitado naquela cama, enviando uma onda de calor que subia por minhas pernas e se espalhava por meu corpo de um jeito que me deixava inquieta.

Eu não sabia porque meu pai tinha chamado Kaian Hawkings até ali. Ele e seu povo claramente nos odiavam e desprezavam. Tudo o que aquele homem sempre quis foram as nossas terras.

— Que bom que veio, meu amigo. — meu pai disse, com seus movimentos contidos, não parecendo o homem que já foi um dia.

Ele se referia a Kaian como amigo, mas aquilo não era verdade. A reserva da alcatéia fazia divisa com nossa fazenda, meu pai e o pai de Kaian tinham sido amigos, mas desde que os assassinatos começaram tem sido uma relação difícil.

— Como está se sentindo hoje? Tenho certeza que logo estará correndo por aí. — Kaian falou arrancando um sorriso do meu pai, que logo se transformou em uma tosse.

O ar ali nas montanhas era puro, mas nem mesmo isso ajudava ele a respirar melhor.

— Nós dois sabemos que… que isso não é verdade. — falou apesar da dificuldade. — E foi por isso que te chamei aqui.

— Vai finalmente assinar o acordo e me vender as terras, senhor Duncan? — Um sorriso debochado surgiu nos lábios de Kaian, atraindo minha atenção para a boca carnuda.

Apesar de sempre ser duro e direto, eu tinha que confessar que ele era lindo, alto e forte, com os ombros largos e a pose sempre firme. Ele parecia um homem que não temia nada, o olhar sempre afiado e confiante, que o deixavam ainda mais sexy. Como se isso fosse preciso, com aquela pele bronzeada e os cabelos grandes e castanhos, sempre bagunçados com aquele ar selvagem. Faziam me perguntar como seria deslizar meus dedos por eles.

— Vou fazer melhor, vou dá-las a você! — As palavras do pai me trouxeram de volta dos meus pensamentos.

— O que? — praticamente gritei, me ajoelhando ainda mais perto dele. — Do que o senhor está falando?

— Eu não vou viver muito mais, minha menina. — Meu pai disse, erguendo a mão com muito esforço e tocando meu rosto. — Você vai precisar de alguém que te ajude a cuidar de tudo.

— Mas temos trabalhadores para isso, pessoas que já cuidam da fazenda. Eu posso dar conta de gerir tudo aqui. — falei com desespero, mas era inútil porque ele parecia decidido.

— Eu sei que pode cuidar de tudo, já faz isso há muito tempo. — ele puxou o ar com dificuldade antes de voltar a falar. — Mas alguém precisa cuidar de você.

Os olhos cansados se desviaram até o homem parado ao pé de sua cama, ele encarou Kaian por um longo tempo, como se os dois pudessem conversar pelo olhar.

E então eu comecei a entender, meu coração deu um salto no peito, ele não podia… meu pai não podia estar pensando em pedir que aquele homem cuidasse de mim.

— O que está insinuando papai?

— As terras são dele se vocês se casarem! — meu pai afirmou sem fazer rodeios e eu engoli em seco, me levantando em um pulo e quase caindo.

Meus pés se embaralharam e eu cambaleei para trás sem conseguir evitar, até que duas mãos agarraram minha cintura me segurando com firmeza e me arrancando o ar quando uma descarga elétrica me acertou.

Eu olhei por cima do ombro, como se quisesse constatar que ele havia sentido o mesmo, mas dei de cara com os olhos dourados me encarando de perto com um brilho predatório que fez meu coração disparar no peito.

Nunca estivemos tão próximos assim, Kaian nunca havia me tocado antes, mas ali estávamos nós, com nossos rostos a centímetros de distância enquanto suas mãos apertavam minha cintura.

Mas tão rápido quanto me pegou ele me soltou, me dando um impulso para frente. Eu o vi abrir e fechar as mãos rapidamente depois de me soltar, como se tivessem se queimado por ter me tocado.

— Qual é a pegadinha, Duncan? — ele questionou com a voz mais ríspida do que segundos atrás, enquanto eu ainda estava atordoada pelo nosso contato.

— Nenhuma! A minha filha não tem mais ninguém além de mim e quando eu morrer ela vai precisar de alguém que cuide dela, que a proteja…

— Posso fazer isso sozinha! — afirmei finalmente encontrando a minha voz. — Não tem que me passar adiante como se eu fosse um animal que não pode se cuidar!

Eu não ia deixar que meu pai entregasse as terras de bandeja, em troca de proteção. Eu tinha vinte anos e podia me virar, vinha fazendo isso desde que minha mãe nos abandonou quando eu tinha dez anos. Mesmo com meu pai ali por mim as coisas não foram as mesmas, uma garota ser criada rodeada de homens que não sabiam nem mesmo como usar um absorvente era difícil, eu tive que aprender a me virar sozinha. 

— Filha, por favor… — o pedido dele foi interrompido por uma nova onda de tosse que me fez abaixar ao seu lado, segurando sua mão com cuidado até que ele se acalmasse. — Sei que pode se cuidar, mas não deveria precisar disso. Quero que tenha um homem com quem contar, alguém que vá protegê-la e garantir sua segurança não importa o que aconteça.

Eu estava prestes a negar, mas os olhos marejados e a mão calejada e enrugada apertando meus dedos me impediu de dizer qualquer coisa, deixando presa todas as palavras em minha garganta.

Meu pai não era um homem de demonstrar emoções, mesmo que eu soubesse que ele sentia ele sempre guardava para si, mas naquele momento eu via um homem destruído pelo trabalho árduo, maltratado pela vida e pela doença.

— Tudo bem, pai. — foi o que me ouvi dizendo em resposta, não podia negar aquilo a ele, não naquele momento.

Ele sorriu e deu um tapinha em meu rosto de forma carinhosa, antes de virar o olhar para Kaian, que tinha se mantido quieto atrás de mim.

— Prometa pra mim. Prometa que vai se casar com minha menina, cuidar e protegê-la de tudo até seu último dia nessa terra?

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