Narrado por Miguel de Capri
Eu desci do carro ainda com a fumaça dos escombros grudada na minha garganta.
Meus punhos estavam cerrados. O peito queimava. E a porra do galpão... virou cinzas.
Um investimento de meses. Um esconderijo estratégico. Equipamento vindo da Ucrânia que mal tinha encostado no solo americano. Tudo... perdido.
E tudo por culpa dele.
Marcelo.
Subi os degraus da casa como se cada um fosse um soco segurado. Toquei a campainha uma vez. Duas. Três. Sem resposta. Então eu simplesmente empurrei a porta e entrei.
Ele estava na sala, sentado calmamente com uma taça de vinho na mão, assistindo ao noticiário sem o menor remorso no olhar. A manchete rodava em letras vermelhas na parte inferior da tela:
“Incêndio criminoso destrói armazém em região portuária; polícia suspeita de guerra entre mafiosos.”
— Você tá de brincadeira comigo? — soltei, minha voz rouca, seca, carregada de raiva.
Marcelo nem se virou de imediato. Tomou mais um gole do vinho e só então olhou pra mim com