Narrado por Marcelo de Capri
Eu não sou o tipo de homem que se impressiona fácil.
Já vi de tudo. Já tive tudo. E na maioria das vezes, larguei tudo também. Mas naquela noite… naquela porra de noite… algo me paralisou.
A música alta do bar abafava as conversas. As luzes vermelhas e douradas dançavam nas garrafas atrás do balcão. Meus amigos gritavam, riam, brindavam como se o mundo fosse acabar depois da minha despedida de solteiro.
Talvez acabe mesmo.
Encostado na parte mais escura do lounge, eu observava tudo com um copo de uísque na mão. Não que eu tivesse realmente afim de comemorar. Esse casamento... bom, ele é um movimento estratégico. Um acordo. Um jogo.
Mas casamento é casamento.
E mesmo com os motivos certos, existe um incômodo que cresce dentro da gente. Uma espécie de desespero disfarçado. Como se meu corpo inteiro soubesse que eu estava prestes a ser trancado por dentro.
Foi então que ela apareceu.
Vestido preto justo, fenda lateral ousada, cabelo preso em um coque desleixa