Amor que ficou

O som do ultrassom preenchia a pequena sala iluminada com luz suave.

Ashley segurava a mão da avó com força, os olhos marejados. Quatro meses. E ali estava ele, tão pequeno, tão perfeito.

O médico sorriu, experiente.

— Olhem só... temos um garotão aqui. Está tudo bem com ele. Os batimentos cardíacos estão fortes. Quer ouvir?

Ashley assentiu com um gesto trêmulo. Quando o som do pequeno coração encheu o ambiente, as lágrimas vieram sem controle.

Ali estava ele.

O filho de um amor que ela acreditara eterno... e que se despedaçara em silêncio.

— Olha, minha filha... dá pra ver o rostinho já. Veja aqui... os traços.

Ashley levou a mão à boca, o coração apertado. Era como ver Philipe. Os traços delicados, o nariz, a boquinha... tão parecido com aquele homem que ela entregara o coração sem reservas.

Quando o exame terminou e o médico deixou a sala, Ashley ficou sentada por um momento, ainda olhando para a imagem na tela. A avó acariciava seus cabelos com ternura.

Ashley então pousou as mãos sobre o ventre já arredondado.

— Meu amor... meu pequeno Filipe. — a voz saiu baixa, embargada. — Mamãe nunca foi de se entregar fácil... nunca...

Em uma semana... em uma semana que conheci seu pai, eu me entreguei... me apaixonei como nunca pensei que fosse possível.

Agora... às vezes me sinto fraca, boba. Mas... se foi por amor, foi verdadeiro. E você é a prova disso.

Ela sorriu entre as lágrimas.

— Seu pai... deixou um pedacinho dele comigo. Você.

E você será meu Filipe também.

A mamãe já te ama mais do que tudo neste mundo. Vai trabalhar, vai fazer tudo o que for possível para te dar o melhor, meu filho. Mesmo que seja simples... vai ser com muito amor.

Antes que pudesse se perder mais em seus pensamentos, Ethel se inclinou, beijando sua testa.

— E o biso e a bisa também, meu amor. Vamos ajudar no que pudermos.

Ashley virou-se, os olhos brilhando.

— O que seria de mim sem a senhora, vó? Agora mais essa... e eu dando mais uma preocupação para vocês.

Ethel sorriu, com a firmeza que sempre carregara.

— Não, minha filha. Filhos são bênçãos, não pesares. Não se culpe por amar. Não se culpe por trazer vida.

Agora, vamos nos ocupar em preparar o enxoval do nosso bisneto. Não vai ter luxo, mas vai ter amor. Muito amor.

Ashley sorriu, emocionada.

— E isso vale mais que qualquer riqueza, vó.

Abraçadas, saíram da clínica, o pequeno ultrassom em mãos — um simples papel que agora carregava todo um universo de sentimentos.

Ashley sabia que a estrada seria difícil. Mas, com aquele pequeno coração batendo dentro dela, ela não estava mais sozinha.

Já em casa, após a consulta, Ashley não resistiu.

Sentou-se na poltrona da sala, pegou a imagem do ultrassom com mãos trêmulas e voltou a acariciar a barriga.

— Meu pequeno... meu Filipe... você já é tão amado.

A mamãe ainda não sabe como vai ser o nosso futuro. Mas eu prometo... vou ser a melhor mãe que puder.

Você não vai sentir falta de nada que realmente importe: carinho, cuidado... amor. Muito amor.

Ethel, que observava a cena com olhos marejados, aproximou-se.

— Sabe, sua mãe era assim também. Falava com você ainda na barriga... dizia que você seria a menina mais amada do mundo. E foi.

Ashley sorriu, emocionada.

— Vó... o que seria de mim sem a senhora?

Ethel beijou sua testa.

— E agora... — disse com um sorriso sapeca — já vou separar minhas linhas. Quero começar a bordar umas roupinhas para o meu bisneto.

Ashley riu entre lágrimas.

— Ele vai ser o bebê mais amado do mundo, vó. Graças a você... e a mim.

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