Robert entrou na câmara municipal com os passos firmes de quem, pela primeira vez, não trazia arrogância, mas propósito. O livro Amor Zero ainda estava em suas mãos, as páginas marcadas com anotações, trechos destacados com caneta azul e post-its colados entre os parágrafos. Seus olhos não escondiam a emoção — ele tinha lido, refletido, e agora queria agir.
— Senhores vereadores — começou, limpando a garganta, enquanto os olhares se voltavam para ele com certa curiosidade. — Hoje, eu venho aqui não apenas como prefeito, mas como um homem que se viu no espelho de suas próprias falhas... e quase não se reconheceu.
Silêncio.
— Eu li este livro — ergueu Amor Zero nas mãos — e ele me destruiu por dentro. Porque eu vi ali, nas palavras daquele autor, tudo o que eu fui. Um homem que usava a força para compensar uma dor que não entendia. Eu fui um sequestrador de almas, como diz a autora brasileira no outro livro que estou lendo. E ninguém merece isso.