ALEXIA DINIZ
As palavras de Matteo pairavam no ar, carregadas de uma possibilidade que me deixou atordoada. “Talvez o seu coração se lembre de algo, que a sua mente esqueceu”. A ideia era ao mesmo tempo intrigante e assustadora. Se aquele amor ainda existisse em algum lugar dentro de mim, uma chama oculta sob as cinzas da amnésia, como eu poderia acessá-lo? E se não existisse, se fosse apenas uma esperança vã da parte dele, eu estaria apenas alimentando falsas expectativas em Matteo, prolongando sua dor e a minha própria confusão. A verdade era que eu não sabia quem eu era sem essas memórias, e a perspectiva de desvendar um passado que me definia e que me foi roubado era assustadora. Eu me sentia como um livro sem as primeiras páginas, sem o prefácio, sem o começo de uma história. E a pessoa que havia arrancado essas páginas era minha própria mãe, Celina, que, com sua crueldade, havia tentado escrever meu destino.
A confusão em meu rosto pareceu tocar Matteo, pois ele suavizou a ex