Laura
O som dos monitores cardíacos ritmava o silêncio da UTI com sua cadência monótona. A respiração mecânica subia e descia, regulada por máquinas frias bem calibradas. Mas Laura não estava inconsciente como todos pensavam, mesmo sedada, sua consciência nadava a superfície, ciente de tudo.
Atrás das pálpebras cerradas, duas lágrimas escorreram lentamente por seu rosto imóvel. Lentas, quentes, carregadas de um peso que nenhum remédio ou soro poderia aliviar. Ela sentiu quando Samanta entrou, sentiu o calor diferente que a presença dela trouxe ao quarto, um contraste avassalador com o ambiente estéril e clínico. A voz que ecoou logo em seguida, trêmula, emocionada, doce... era a mesma que ela ouvia em seus devaneios noturnos, nos pesadelos silenciosos que a perseguiam desde o acidente.
“Sou eu... Samanta.”
E tudo dentro de Laura se partiu. Ela ouviu cada palavra de sua filha. Cada pausa embargada, cada respiração entrecortada pelo choro que Samanta tentava conter, e falhava. Ouviu a d