Laura
Laura Martins desceu os degraus do edifício espelhado do Grupo Martins como quem retorna de uma guerra. O salto fino de seus Louboutins ecoava como um relógio de contagem regressiva nas lajes frias do estacionamento privativo. Cada passo era uma súplica muda para que o peso em seus ombros se dissipasse. Mas não havia alívio naquele fim de tarde abafado.
Ela parou ao lado do carro blindado, respirou fundo e soltou o ar com raiva. O motorista prontamente abriu a porta do carro.
Os abutres da diretoria a rodearam durante a reunião, famintos em volta do cadáver. Todos desejando a mesma coisa, que ela abrisse mão do comando. A presidência era a coroa que agora parecia pesar mais do que nunca, mas Laura não era o tipo de mulher que renunciava ao poder. Ainda assim, naquele dia, sentiu-se mais frágil do que costumava admitir.
Sentou-se no banco de trás e ordenou ao motorista que partisse. Ao seu lado, dentro da clutch de couro caríssimo, repousava o celular com a última atualiza