Karina tinha dezoito anos quando conheceu Marcos. Para ela foi amor à primeira vista. Ele tinha uma versão bem diferente dos factos. Porém , o destino os uniu e cada um tinha um objectivo diferente. Ela estava louca de paixão por um homem 10 anos mais velho que ela . Ele era diferente dos miúdos inexperientes da sua faixa etária o que a deixava deslumbrada. Ele fugiu de mulheres com idades acima de 25 que tinham na testa escrito " casamento" com letras garrafais. Mas o destino pregou-lhes uma partida. O paraíso deu lugar ao inferno quando Karina teve que dizer a Marcos que esperava um filho seu. Ele a acusou de ter feito uma armadilha para lhe prender e exigiu que ela interrompesse a gravidez. Karina não conseguia acreditar que o homem da sua vida podia ser cruel e recusou-se a ceder as exigências dele. Foi a última vez que ela viu Marcos. Até que 5 anos mais tarde , o passado volta pra virar do avesso a vida que ela construiu para si e sua filha. Marcos reclama os direitos a paternidade e ele tem o poder e os meios de conseguir ficar com a criança. Karina pensou que não podia odiar mais o homem que um dia foi o amor da sua vida, mas a vida veio provar que sim. Mas como diz o ditado : " existe uma linha ténue entre o amor e o ódio". E o reencontro desses dois será uma zona de guerra...e de muita paixão.
Ler maisKARINA
Eu estava uma pilha de nervos. Tinha feito quilómetros andando de um lado para o outro.
- Karina acalma-te. Vais cavar um buraco ai onde estás.- Diana gritava sem paciência nenhuma.
Estava a horas a espera do Marcos e a demora só deixava-me mais nervosa. Apesar de ter insistido em vir sozinha Diana não cedeu e veio comigo. Deve ser por isso que éramos amigas até hoje. Ela conseguia perceber quando eu precisava mais dela, e este era um desses momentos.
Finalmente vi Marcos aproximar-se de onde estávamos e sentei num dos bancos que havia no jardim. Diana olhou-me e respirou fundo caminhando até onde eu estava.-Não irei para longe. Boa sorte.
Deu-me um beijo na testa e afastou-se indo na direcçao oposta a que Marcos vinha.
Ele sentou-se do meu lado e deu-me um beijo ignorando Diana que não esperou nem para dizer olá. Bom, não era segredo que minha família e amigos não viam esta relação com bons olhos.
- Não estás com boa cara. Passa-se algo?- Ele questiona, franzindo sua testa.
-Marcos ha algo que preciso dizer-te e , nem sei por onde começar. Mas quero que saibas que amo-te e tudo que quero é passar o resto da minha vida do teu lado. -Estas a assustar-me Karina. Diz logo o que é.Olhei para o céu a procura de alguma coisa, qualquer coisa , que me ajudasse a ter forças para o que vinha a seguir.
-Marcos , estou grávida.
Os olhos dele se arregalaram e ele pôs-se em pé imediatamente. Andou para la e para cá murmurando algo que eu não conseguia perceber. Eu apenas esperei a explosão. E ela veio com toda força.
- Não, não...isso não é possivel. - Ele berrou e continuou a andar de um lado para o outro.
-Marcos...
- Tu só podes estar a gozar comigo. Eu não preciso disto agora. Tens que interromper essa gravidez. - Ele virou-se para mim e seus olhos estavam cheios de raiva.Mas eu não me deixei intimidar. Ele não pode obrigar-me a interromper a gravidez. É meu corpo , é meu filho, eu decido.
- Eu não vou interromper Marcos. Eu quero este filho e vou tê-lo.- Falo cheia de coragem.
- Mas não contes comigo. Tu sabias desde o inicio que eu não quero compromissos e muito menos filhos nesta fase da minha vida. Estava tudo tão bom entre nós , porquê estragar? - Marcos, eu não planeei isto, simplesmente aconteceu. Mas agora que está aqui porquê não darmos uma chance? Pode ser que não seja tão mau como pensas. -Não. Isto foi propositado. Não és a primeira a tentar algo assim...mas serás a última. -Marcos...- Tento chama-lo a razão mas ele corta-me. -Tu escolhes Karina , eu ou esse teu bebé.Meu coração partiu em mil pedaços quando aquelas palavras deixaram a boca dele. Por um momento pensei que ele fosse ignorar as regras estúpidas que regem a vida dele. Mas acho que me enganei.
-Não me peças isso Marcos. Por favor.
- Tu decides.Levantei do banco olhei para ele uma última vez e caminhei na direcção em que a Diana desapareceu minutos antes. Foi burrice minha pensar que no último segundo ele me seguiria , imploraria perdão e seriamos felizes para sempre. Mas ele nunca veio...
5 ANOS DEPOIS...
A minha rotina pelas manhãs era uma loucura. Estava sempre atrasada e Kayla não facilitava minha vida.
- Mãe, eu não quero ir a escola com estes sapatos. São feios e todas meninas gozam comigo.
-Eu juro que as vezes penso em sair e te deixar para trás. Esses sapatos foi o que deu para comprar e não quero ouvir nem mais um pio. Pega na mochila e vamos embora.Eu ainda estava no meu modo mãe furiosa quando oiço batidas na porta. Abri com tanta violência que quase fiquei com a maçaneta na mão. O homem parado a minha frente olhou-me surpreso.
-Bom dia! Procuro a sra. Karina.
-Bom dia . Sou eu, em que lhe posso ajudar?O homem entregou-me uns papeis e pediu-me para assinar num caderno que trazia consigo. Apenas cumpri e olhei novamente para os papeis.
-O que é isto?- Perguntei olhando para o homem que já havia virado para ir-se embora.
- É uma intimação senhora. Devera se fazer presente no tribunal na data que esta na intimação.E sem mais detalhes o homem continuou a andar. Fechei a porta me sentido um pouco tonta. Li os papeis e quase tive um ataque cardíaco quando vi do que se tratava.
Marcos havia entrado com um pedido no tribunal pela guarda compartilhada da minha filha. Sim, MINHA FILHA, porque por 5 anos ela foi somente minha e ele nunca deu as caras apesar de saber da sua existência. O que ele quer agora??
Atirei os papeis para mesa e peguei minha bolsa e chaves do carro.- Kayla, para de birra pega tua mochila e vamos embora.- O grito deve ter se ouvido em toda vizinhança.
Mas surtiu o efeito desejado. Em segundos ela estava do meu lado e saímos de casa em silêncio. Deixei-lhe no jardim de infância e fui tentar trabalhar.
Logo que entrei na loja , as meninas que trabalhavam para mim desapareceram pressentindo que não era um bom dia para estar no meu caminho. Entrei na minha sala e fechei a porta descarregando minha raiva nela. Peguei no celular e liguei para Diana.- Alô !
-Oi estas livre para falar?- Questiono sem perder tempo. - Hum...depende. De quanto tempo precisas? -Meia hora. -Te ligo em 5 minutos. -Ok.Desliguei a chamada e encostei no assento da cadeira. Eu vou matar Marcos. Não importa se ele é o pai da minha filha. Eu vou mata-lo, cortar em pedaços e dar a carne para um crocodilo comer e depois mato o crocodilo e mando fazer carteiras e cintos para vender no mercado negro.
Meu celular tocou e me tirou do meu momento de montar um plano diabólico para dar um sumiço no Marcos.-O que aconteceu? Deixaste-me preocupada.- Consigo sentir a aflição nas palavras de Diana.
- Marcos entrou com uma acção judicial para reconhecimento de paternidade e guarda compartilhada.Fez-se silêncio por alguns minutos. Olhei para o celular para ter certeza que a chamada não havia caído.
- Só podes estar a gozar neh? Diz-me que hoje é dia da mentira e eu não havia me apercebido.- Diana falou indignada.
-Não. Recebi a intimação esta manhã. Estaremos frente a frente na quarta feira. Ele pediu um teste para confirmar a paternidade. - Já tens advogado? -Não. És a primeira pessoa com quem falo. Não pensei em nada ainda. - Vou pedir ao meu irmão para acompanhar-te. - Eu não tenho dinheiro para pagar-lhe Diana. Pensei em ir a um desses centros que dão assistência jurídica gratuita. - Relaxa, para ti é de graça.Conseguia ouvir os risos que ela tentava abafar do outro lado da linha. Hoje não vou discutir com ela. Preciso mesmo de ajuda .
-Ok. Vou aceitar só desta vez porque não posso perder esta batalha por nada. Obrigada amiga. O que seria de mim sem ti?
-Não é?? Mereço um agrado. Sou modesta, só quero que pagues a conta na nossa próxima saída.Ela conseguiu me por a rir. E foi como um bálsamo. Despedi-me dela e relaxei . No resto do dia foquei-me no trabalho e empurrei a má noticia para um canto escuro no meu cérebro. Vou pensar nisso quando chegar a hora.
MARCOSAcordei com os gritos de Kayla. Ouvi Karina murmurar do meu lado algo imperceptível. Kayla estava em pé do meu lado e me abanava para acordar-me.- Pai, paaaiiiiiii...- Ela gritava sem parar de abanar-me. - Kayla pelo amor de Deus , são seis da manhã. - Falei, sonolento. - Mas já amanheceu pai. Vamos.Olhei para o lado procurando uma tábua de salvação. Karina estava de costas para mim e havia coberto até a cabeça. Conseguia perceber que estava acordada e seu corpo estremecia enquanto tentava abafar o riso. Pelos vistos daquele mato não sairia coelho. Respirei fundo e saí da cama.Karina e Kayla haviam se mudado para viver comigo há quase um ano e tem sido uma experiência de outro mundo. Excepto quando sou acordado as 6 da manhã num fim de semana, confesso. Chegamos a sala e Kayla estava aos pulos. Estiquei a mão para trás do sofá e tirei de lá um embrulho e entreguei a Kayla. Ela sentou-se no chão e concentrou-se em abrir-lo. Senti os braços de Karina envolverem-me em um
ARINAEu estava em choque, confusa e tentando regular minha respiração. Num minuto ele estava me enlouquecendo com seu beijo e no outro deixava-me pendurada, ofegante e sem entender o que havia dado errado.-O que acabou de acontecer??- Murmurei levantando-me da cama.Quando cheguei a porta só consegui ver as luzes traseiras do carro do Marcos que desaparecia rua acima. Fechei a porta e caminhei de volta para o meu quarto. Deitei-me na cama olhando para o tecto. O dia clareou e eu não consegui pregar o olho. O despertador tocou e levantei em piloto automático. Em menos de uma hora eu e Kayla estávamos prontas e saíamos de casa. Deixei Kayla no jardim de infância e fui para o trabalho.Com muito esforço sobrevivi a primeira metade do meu dia. Arrumei os papéis que tinha na mesa e preparava-me para sair quando ouvi batidas na porta.- Entre.- Respondi ainda ocupada em organizar minha mesa de trabalho. -Oi. A voz grave de Marcos me fez levantar a cabeça.- Oi - Respondi atrapalhad
KARINAEu estava uma pilha de nervos . Marcos me olhava sem dizer nada o que me deixava a beira de uma crise de choro. O momento de silencio durou uma eternidade .-Eu também peço perdão. Perdi a cabeça.- Ele falou finalmente quebrando o silencio.Eu suspirei de alivio. Um garçon aproximou-se e pedi uma água. Ele regressou em menos de um minuto e dei um gole aliviando minha garganta que estava seca.- Tudo bem. Acho que nenhum dos dois estava no perfeito juízo. - Falei evitando olhar para ele.- Concordo. E acho que podias evitar a companhia do Lucas. Ambos sabemos que ele quer mais do que amizade de ti.A conversa ia tão bem até ele começar a fazer exigências no
MARCOSPassei o domingo todo a gerir a ressaca e a dor do meu coração partido. Quase não comi e para dormir foi uma tortura. Karina não saía da minha cabeça por muito que eu tentasse pensar em outras coisas. Fui ao trabalho sentindo-me doente e sem moral para estar rodeado de tanta gente. Mas com muito sacrifício o fiz. O telefone na minha mesa tocou e só levantei o auscultador para fazer com que parasse de tocar.-Alô- Atendi, soltando um grunhido. -Tens uma visita.A mãe da tua filha está aqui.Meu coração batia descompassado apenas pela menção de Karina. O que ela faz aqui? Será que veio desculpar-se? Não creio.-Estou ocupado. -Peço-lhe para esperar? - Não. Não estou disponível para ninguém. -Compreendo.Desliguei a chamada e apesar de parte de mim querer sair e correr atrás dela , fiquei firme e não levantei. Depois disso o dia foi improdutivo. Não consegui concentrar-me em mais nada. Meu humor piorou bastante . Até ao fim do dia ninguém se atrevia a falar comigo. Sai do t
KARINANa manhã seguinte acordei um pouco mais tarde. Foi difícil dormir depois de tantas emoções e só consegui adormecer passava das 3 da manhã. Acordei, e sem pressa tomei meu banho. Preparei o pequeno almoço e decidi ir comer na varanda apreciando os vasos de flores e os raios de sol que timidamente se espalhavam pelo lugar. Algumas horas depois Diana chegava com Kayla.- Oi. Tudo bem? - Tudo optimo.Kayla deu-me um abraço e saiu a correr para o seu quarto .-Porque querias o numero do Isaac a altas horas da noite?-Diana perguntou logo que Kayla desapareceu.- Precisava avisa-lo que Marcos saiu daqui transtornado. Tive receio que algo mau pudesse acontecer-lhe. - Hum...- ela murmurou pensativa. - O quê? -Estava apenas a questionar-me o que terá deixado o sr. cheio de si transtornado. -Ham...não consegui entender também. Ele estava aos berros logo que viu-me sair do carro do Lucas. Felizmente Lucas não reagiu as provocações e nem discutiu quando pedi-lhe para ir embora.- Exp
MARCOSCheguei a casa mal humorado .As portas e os móveis foram as vítimas da minha indisposição. Tinha vontade de ir atrás de Karina e beija-la até esgotar o último resíduo daquela teimosia que começava a irritar-me. Mas eu prometi ser paciente, custe o que custar.Atirei-me no sofá e permaneci deitado a olhar para o tecto por vários minutos. Meu celular tocou e não tive vontade nenhuma de me levantar para ir atender. Mas a pessoa que ligava era insistente. Rendi-me e levantei. A chamada cortou antes que pudesse atender. Olhei para o ecrã e vi várias chamadas da Lia. Foi bom não ter atendido. Ela deve estar louca se pensa que depois de tudo eu ainda ia querer alguma coisa com ela. Meu celular vibrou e no ecrã apareceu uma notificação de mensagem da Lia. Ela não desiste. Abri e era uma foto. Estava demasiado escura para ver quem eram as pessoas nela. Segundos depois mais duas fotos. Era um casal mas não era possível ver os rostos. O homem estava ligeiramente inclinado como se a f
Último capítulo