A noite chegou sem cerimônia, derramando sombra pelas janelas altas da mansão. As luzes se acenderam como sempre — sem pressa, sem ruído, sem admitir escuridão por completo. O silêncio era espesso, quase disciplinado.
Bianca subiu a escada devagar, com a mochila em uma mão e o casaco na outra. O dia tinha sido comprido, mas não pesado. Era uma sensação nova — cansada, mas sem dor — e ela ainda tentava entender o que fazer com isso.
No topo da escada, o corredor parecia maior do que de manhã. As paredes altas, a luz amarela suave, os tapetes que absorviam cada passo — tudo ali tinha uma calma que ela não sabia se era conforto ou vigilância.
A porta do escritório estava entreaberta. Bianca passou e espiou sem querer. Estava vazio. Um alívio sutil — sem culpa, sem explicação — apenas alívio.
No fim do corredor, ouviu um pequeno estalar de madeira. Lincoln estava sentado no chão, encostado na parede, as pernas cruzadas e um livro apoiado no joelho. Ao lado, uma caixa de peças de madeira,