O sábado trouxe a primeira pausa depois da turbulência da semana. O frio já não mordia tanto, e uma luz pálida atravessava as nuvens quando Bianca deixou a mansão para visitar Lúcia.
Sentaram-se à mesa, e Bianca começou a falar. Contou de cada detalhe: os uniformes novos, engomados e impecáveis; os olhares desconfiados no colégio; as compras no centro de Toronto ao lado de Helena. A cada lembrança, sua voz oscilava entre entusiasmo contido e um certo peso.
Lúcia ouvia em silêncio, sem interromper. Apenas assentia de tempos em tempos, o olhar fixo, como quem não queria perder nenhuma nuance. Quando Bianca terminou, já com as mãos inquietas sobre o colo, a babá inclinou-se e segurou as dela com firmeza.
— O mundo pode mudar por fora, minha flor — disse com suavidade, mas também com uma força tranquila. — Mas você precisa se lembrar sempre de quem é por dentro.
Bianca sentiu as lágrimas subirem. Sorriu, mas era um sorriso frágil.
— Lá… tudo é tão grande, Lúcia. As escadas, os quartos, at