O domingo amanheceu cinzento, mas a casa pequena de Lúcia parecia mais viva que nunca.
Bianca ainda estava na cama estreita quando ouviu o barulho das panelas na cozinha e o assobio desafinado da babá. Espreguiçou-se devagar, sentindo o cheiro de pão aquecido e café fresco que se espalhava pelo ar.
Vestiu-se depressa e caminhou até a cozinha, onde encontrou Lúcia mexendo no fogão.
— Dormiu bem? — perguntou a babá, sem virar o rosto.
— Dormi sim, como uma pedra — confessou Bianca, sentando-se à mesa.
Lúcia sorriu de leve, mas não respondeu. Colocou diante dela um prato com pão quente e manteiga, e Bianca comeu em silêncio, aproveitando cada mordida.
Pouco depois, um carro estacionou diante da casa. O motorista, de terno escuro e luvas, desceu para anunciar que viera buscá-la.
O coração de Bianca apertou. Era hora de voltar.
— Não quero ir ainda… — murmurou, segurando a mão de Lúcia.
— Você precisa, minha flor. — disse a babá, acariciando-lhe os dedos.
Bianca assentiu, tentando engoli