Dois dias depois, enquanto Bianca ainda se habituava aos corredores intermináveis da mansão, Helena entrou em seu quarto já arrumada em um vestido prateado que cintilava sob a luz do abajur.
— Esta noite haverá um jantar importante no clube — disse, retirando de uma caixa um vestido creme de mangas longas. — Você virá comigo.
Bianca arregalou os olhos.
— Eu? Mas… eu não sei como me portar…
— É exatamente por isso que precisa começar a aprender. — Helena pousou o vestido sobre a cama. — O silêncio, Bianca, já é meio caminho para a elegância. O resto você observa e imita.
Bianca hesitou por alguns instantes. O quarto parecia menor, abafado pela presença da tia. O perfume de jasmim e o som distante de copos sendo lavados na cozinha formavam um pano de fundo quase ritualístico. Quando Helena falava, tudo nela soava definitivo — não havia espaço para dúvidas.
Bianca obedeceu em silêncio. O vestido caiu-lhe como se não fosse seu, e o espelho devolveu uma versão dela que parecia mais frágil