O dia de Lincoln começava junto com o movimento da casa, como se ele fosse parte do silêncio. Acordava no primeiro toque do relógio — não por urgência, mas por hábito. Havia aprendido cedo que disciplina não era punição, e sim a única coisa que ninguém podia tirar.
Vestia-se sem hesitar: camisa clara, suéter escuro, calça de lã. Passava a mão pelo cabelo com um gesto que buscava perfeição e ordem. Olhava o próprio reflexo por um instante — não por vaidade, mas para confirmar que pertencera ao dia antes que o dia pudesse julgá-lo.
Na escrivaninha, alinhava os cadernos com cuidado quase silencioso. Havia uma paz discreta no rigor, uma espécie de conforto que não dependia de ninguém. Gostava de começar o dia estudando quinze minutos antes de descer: um momento pequeno, só dele.
Quando descia para a copa, a casa já estava desperta — mas com aquela mesma disciplina de sempre, sem ruídos supérfluos. Cumprimentava o mordomo com um aceno pequeno, e tomava o primeiro gole de café enquanto o