(POV Caelan )
A clareira estava silenciosa quando voltei.
Silêncio de matilha em repouso, mas que para mim era só prisão.
Todos dormiam em seus cantos, menos eu.
Não conseguia. Não desde que o selo me arrastara para o corpo dela outra vez.
Selene.
O nome dela era sombra e lâmina dentro da minha pele.
O selo não me deixava esquecer, não me dava trégua. Cada respiro dela ecoava dentro de mim. Cada tremor, cada gemido abafado, era meu também — mesmo que não fosse.
Sentei à beira da árvore mais alta, a sombra me cobrindo como manto. Sempre foi assim: eu era a sombra. Aquele que vigia, que guarda, que não é visto.
Mas agora a sombra não me bastava.
Porque a luz dela me perseguia até ali.
Fechei os olhos, tentando bloquear o que vinha.
Mas não adiantava.
O selo atravessava qualquer barreira.
Vi o rosto dela no escuro.
Senti o calor da pele.
O roçar dos lábios dela em outro.
E meu corpo reagiu antes que eu pudesse controlar.
Rosnei baixo, segurando o punho contra o próprio peito.
Era raiva.