(POV Selene)
O cheiro de fumaça ainda grudava na minha pele. O galpão queimava atrás de nós, as chamas lambendo o céu como se quisessem devorar até as estrelas. Eu caminhava com o corpo pesado, mas não era cansaço. Era peso. Peso do que tinha acontecido. Peso do que vinha pela frente.
Dorian seguia à frente, o passo firme, a silhueta ereta contra a lua. Ele não olhava para trás. Não precisava. O lobo nele guiava como bússola, e nós éramos arrastados pela certeza dele. Ronan vinha logo atrás, lâmina presa à cintura, os olhos negros varrendo a mata com desconfiança. Ele rosnava baixo, tão baixo que parecia ressoar só dentro do peito dele, mas eu sentia a vibração.
Caelan, claro, era Caelan. Caminhava como se aquilo fosse passeio, assobiando uma melodia qualquer, a sombra dele alongando-se pelas árvores e sumindo nas frestas da noite. A cada vez que ele sorria, eu sentia o estômago embrulhar.
E eu… eu tentava não tremer.
O selo latejava no meu pulso. Não era só dor — era aviso.