(POV Ronan)
O campo ainda cheira a sangue.
O vento leva o fedor metálico, mas ele continua preso na garganta. Não me incomoda. Estou acostumado. O que me incomoda é o jeito que Selene ainda treme.
Ela pensa que disfarça. Não disfarça. O selo pulsa no pulso dela como se fosse coração exposto. Cada lampejo me diz que ela esteve a um passo de se perder. Um passo.
E eu vi.
Eu vi o brilho selvagem nos olhos dela.
Vi o sorriso preso na boca, como se a lâmina fosse prazer.
Não me assusta sangue. Nunca me assustou. O que me assusta é que Selene parece gostar.
Dorian segura ela como se fosse apagar o selo com a força dos braços. Caelan só ri, com a cara e a lâmina suja de vermelho, como se estivesse no meio de um jogo. Nenhum dos dois entende. Ou não querem entender.
Eu entendo.
Ela está mudando.
E, se mudar demais, não volta.
Respiro fundo, limpando a lâmina na grama molhada. Cada fibra do meu corpo ainda grita para lutar, para continuar, mas os lobos já recuaram. Os sobreviventes fugiram de