(POV Selene)
O depósito está em silêncio. Mas não é silêncio de paz — é silêncio de vigília, de respirações contidas, de pensamentos que não se calam. Fecho os olhos no colchonete duro, e o que encontro não é descanso. São lembranças. Elas me perseguem, uma após a outra, até que se confundem com o próprio pulsar do selo no meu pulso.
Ronan.
Dorian.
Caelan.
Não importa para onde eu olhe ou para onde minha mente corra, eles estão lá. Cada um deixou um pedaço de si em mim, e agora o selo vibra como se fosse a soma de todos. Tarde demais para fingir que nada mudou.
Penso primeiro em Ronan.
O beijo dele foi uma batalha em si. Rápido, duro, tomado à força, como se estivesse arrancando algo que me pertencia. Não pediu licença, não me deu tempo. Foi choque. Lâmina arrancada da bainha. Foi o tipo de beijo que corta — e, ao mesmo tempo, cicatriza.
Senti ferro, calor, a brutalidade de um homem que sempre foi pedra, sempre foi lâmina. Não havia promessa na boca dele, só urgência, só guerra.
E ain