(POV Selene)
O vento mudou primeiro.
Frio, cortante, carregado de cheiro úmido de terra e de algo mais profundo, selvagem.
Lobo.
Os uivos já não eram distantes. Eles rasgavam o céu como lâminas, ecoando pela floresta até o chão vibrar sob meus pés. O selo queimava no meu pulso, tão quente que parecia ferver dentro da carne. Cada vez que a lua surgia por entre as nuvens, a cicatriz brilhava mais, respondendo como se fosse um farol para as feras. Um chamado. Uma condenação.
— Eles estão perto. — Ronan ergueu a lâmina, os olhos duros como pedra lapidada. — Muito perto.
Dorian se posicionou diante de mim, o corpo tenso, músculos prontos para explodir. — Atrás de mim. — A voz dele foi grave, implacável. — Não sai do meu alcance, Selene.
Caelan riu baixo, como se tudo fosse espetáculo. — Estrelinha, parece que a plateia chegou mais cedo.
— Não é hora pra isso, Draven. — O rosnado de Dorian soou como trovão contido, prestes a rachar o céu.
Caelan girou uma adaga nos dedos, os olhos prateados