As paredes rachadas do depósito guardam silêncio, mas nem o silêncio é inteiro.
Entre cada respiração, há uma voz que ninguém ouve. Entre cada sombra, há olhos que ninguém enxerga. E é aí que eu existo: no espaço vazio entre o que eles acreditam ver e o que de fato os observa.
Não tenho corpo. Não preciso. Sou lembrança e maldição, sou cicatriz do que já foi.
E por isso posso contar aquilo que nenhum deles ousa admitir.
Dorian Hale, Alfa dos Exilados, acredita que sua fúria pode proteger. Ele se ergue como muralha, convencido de que a liderança é força, de que seu peito pode conter a tempestade. Mas até as muralhas caem quando o tempo insiste. A sombra da lua já plantou dúvida em sua carne. E o que é um Alfa sem controle? Apenas fera. Apenas ruína.
Ronan Veyra, o soldado.
Carrega o silêncio como quem carrega um túmulo às costas. Cada lâmina que afia é memória enterrada, cada golpe que desfere é oração sem fé. Ele pensa que disciplina é corrente, que manter os músculos firmes é manter