Ainda era meio da tarde quando Clara chegou à casa de Maurício. Eles estavam noivos, ele sempre lhe dava provas de amor e compromisso, mas, mesmo assim, ela estava nervosa. Não sabia bem o motivo: talvez temesse a reação dele, ou mesmo a sua própria.
Entrou e o encontrou na cozinha preparando café. Ele estava de costas, sem a prótese, apoiado nas muletas. Quando ouviu a porta, ainda de costas, começou a falar:
— Gata, tô doido pra te contar o que aconteceu lá na empresa. Cara, foi mais esperado que o final de Game of Thrones, só que sem o final zuado. Senta aí que eu vou servir o café.
— Não quero café, obrigada.
Maurício parou o que estava fazendo e se virou, estranhando.
— Você não quer café? Você tá bem? Por que saiu mais cedo?
Ele veio caminhando apenas com a própria xícara na mão.
— Eu tô bem, só não quero agora. Cheguei cedo porque fui ao médico.
— Aconteceu alguma coisa? Você tá meio pálida. Já almoçou?
Clara olhou para baixo, mexendo nas mãos. Mauríc