Os sinos haviam se calado horas atrás.
Mas o eco deles ainda morava nas pedras.
Helena acreditava que a noite viria pesada, mas simples: cansaço, vigília, talvez mais uma tentativa de truque no céu.
Ela errou.
O primeiro sussurro não veio para ela.
Veio para Marta.
A mulher estava na cozinha, sozinha, amassando massa de pão.
As mãos enterradas na farinha, o corpo no automático, a mente vagando.
O forno ainda não estava quente.
Não havia vento.
Nem ninguém às costas dela.
Mesmo assim, a voz surgiu — baixinha, do lado do ouvido.
“Você podia ir embora, sabe.”
Marta congelou.
Olhou por cima do ombro.
Nada.
Respirou fundo, recomeçou a sovar a massa.
“Eles não iam nem perceber.”
O coração dela acelerou.
Ela largou a massa, limpou as mãos no avental, foi até a janela.
Lá fora, o pátio seguia normal.
Dois lobos deitados.
Brenno ajustando uma corda.
Sigrid discutindo com Ronan sobre turnos.
A cozinha, porém, continuava vazia.
“Tu tens filha no vilarejo de baixo. E se a guerra chegar aq