De noite, o vale parecia respirar devagar.
A ponte, meio seca, meio viva, devolvia à lua o brilho dos que não dormem.
O vento, que sempre soube de tudo, vinha curioso: o Conselho preparava o último truque.
O Curador chegou antes do amanhecer, sozinho desta vez.
Sem soldados, sem juíza, sem bandeira.
Apenas um baú pequeno, de madeira escura e fechos de prata.
Trazia nas mãos o que nenhum decreto ousava admitir: o silêncio comprado.
— Não venho com lei — anunciou, pousando o baú no altar. — Venho com acordo.
Helena, ao lado de Kael, manteve o olhar calmo.
— Acordo?
— Paz garantida. Recursos para terminar a ponte. Documentos com teu nome e o dele.
Apertou o fecho.
— E dentro… o que nenhum de vocês resistiria em negar: o que resta da voz do Norte.
Erynn o mediu com olhos de quem já queimou ouro antes de aceitá-lo.
— Que preço, Curador?
— Apenas silêncio. — Ele sorriu, cansado. — Entreguem o eco. Que ninguém mais cante nem registre o som dessa casa.
Apontou para Kael.
— Que el