À tarde, o Vale Raso tinha cheiro de ferro molhado e pinho cansado.
A terceira laje assentou com um suspiro de pedra que pareceu humano.
Marta passou a mão sobre o nome do filho; Brenno firmou um andaime; Sigrid ralhou com um nó torto e desfez com rapidez de quem já consertou vidas piores.
— Mais uma — disse Ronan, enxugando a testa.
Kael ergueu o olhar para o leste.
Vem.
Vieram.
As caravanas pararam longe, sem sinos.
O Curador de Brumas caminhou à frente, livro ao peito, e ao lado dele, coberta por um manto simples, veio uma mulher de andar conhecido — não pelos pés, mas pelo jeito de encostar o ar.
Quando ergueu o rosto, a obra inteira prendeu a respiração.
Era Lyra.
Não como lembrança polida; não como retrato.
Lyra da pele que o frio conheceu, da curva de riso que o Norte aprendeu a guardar, da luz no olho esquerdo um pouco mais teimosa.
Helena sentiu a runa esquentar até doer.
Erynn inclinou a cabeça, como quem cumprimenta fantasma que sabe sentar à mesa.
Lyria, na margem