No Vale Raso, o degelo fala baixo.
Parece inocente — e por isso leva.
Chegaram antes do meio-dia: Helena, Kael, Erynn, Ronan, Sigrid, Marta de Cinza e mais duas dezenas de braços das aldeias.
Brenno Escarlate veio por último, empurrando um trenó de madeira, estandarte morto amarrado ao lado como quem admite o passado sem pedir desculpa adiantada.
— Trouxe corda, andaime, pau de cabra — disse, sério. — E um pedido de ficar no lado certo da história, pelo menos hoje.
Marta não sorriu.
— Hoje é o bastante.
Erynn traçou um círculo de sal e pinho na margem onde a água lambe.
— A casa pediu obra, não espetáculo — anunciou. — Quem não vier para pôr mão, volta.
Brenno tirou os anéis, guardou no bolso.
— Mão eu tenho.
Sigrid abriu um rolo de tecido grosso.
No centro, bordado, o símbolo do entre em posição de ponte: duas linhas aproximadas, o ponto virado de lado, costuras cruzadas.
— Vai sob as pedras — explicou. — Para o rio lembrar que passa e não leva.
Marta trouxe uma laje escura,