O amanhecer veio pálido, sem canto, sem vento.
O Norte respirava — mas com medo.
Os lobos se escondiam, os corvos não desciam, e até o rio parecia andar nas pontas dos pés.
O mundo inteiro observava o menino que dormia.
Aren.
Helena estava ao lado dele desde a noite anterior.
O corpo do filho ainda pulsava prata sob a pele, como se o coração batesse fora do ritmo humano.
Kael, em pé, observava a respiração dele, uma mão sobre o punho da espada, a outra sobre o peito — como se cada batida do menino tocasse a dele também.
Erynn entrou devagar, coberta por mantos escuros.
— A lua mudou de posição três vezes desde a Prova.
— Ele não acorda — respondeu Helena, sem virar o rosto.
— Dorme ou escuta. Às vezes é o mesmo.
Kael olhou para a anciã.
— O Norte inteiro calou.
— É o eco do poder dele. O Filho fala mesmo quando dorme.
Helena acariciou os cabelos de Aren, murmurando:
— Ele é só um menino.
— Era — corrigiu Erynn. — Agora é um nome que o mundo tenta aprender a dizer.
Quando o