Na manhã seguinte, o Norte acordou diferente.
O ar tinha cheiro de ferro, e a neve parecia polida demais — lisa, espelhada.
Helena foi a primeira a sentir: quando abriu a tenda, o próprio reflexo não estava lá.
Chamou por Kael.
Ele veio rápido, a espada em punho, o olhar desperto.
— O que houve?
— O espelho… — ela apontou o balde de água usado pra lavar as feridas — …não me respondeu.
Kael abaixou-se, tocando a superfície.
O reflexo dele também não apareceu.
Apenas uma sombra prateada, sem forma.
Erynn entrou logo depois, pálida.
— Os rios estão cegos. Nenhum reflete o céu.
Helena sentiu o estômago se contrair.
— Ele voltou.
Kael assentiu.
— Dravon.
O conselho já estava reunido quando chegaram.
Ronan falava alto, tentando esconder o medo sob as palavras:
— O povo está inquieto. As crianças não têm sombra, as tochas não fazem reflexo. Dizem que é o fim dos tempos.
— Não é o fim — respondeu Erynn. — É o reflexo pedindo passagem.
A voz que respondeu veio de um canto da sal