O Norte aprendeu rápido que lembrar era trabalho de guerra.
Três dias depois da coleta das moedas, Erynn oficializou o que antes era improviso: a Patrulha de Memória.
Mulheres do sal, homens de neve, meninos com boa lembrança e mãos firmes.
Não carregavam espada, mas histórias, cordas, frascos de sal e uma pequena flauta feita de osso de lobo — para soprar quando a mente adormecesse no esquecimento.
Helena redigiu o primeiro código de vigília sobre o manto:
Quando o silêncio do outro te doer, chama-o pelo nome.
Quando esquecerem teu rosto, descreve o erro que te faz rir.
O que não se pode dizer, conta por cheiro, toque ou canção.
Erynn acrescentou:
4. Toda lembrança é nó. Não o desfaças com pressa.
5. Onde o mar tocar, traça sal. Onde o fogo tentar, cobre com neve.
Sigrid costurou fitas de três cores — prata, ouro e azul — para amarrar os pulsos de cada patrulheiro.
Ronan treinou os meninos a ouvir.
Kael desenhou no mapa os trajetos de ronda: vales, florestas, aldeias costeiras.