A neve começou a cair mais pesada no segundo dia após o juramento.
Não era a mesma neve de antes — fria, silenciosa, pura.
Era densa, escura nas bordas, misturada a cinza, como se o céu tivesse começado a sangrar.
O vento trazia rumores de passos distantes.
Tambores.
E, entre as rajadas, um rugido que não vinha da garganta de homem nem de lobo.
Helena observava das muralhas, o manto colado ao corpo pelo vento cortante.
O selo em seu ombro ardia em dourado e prata, pulsando no ritmo da terra.
Ela não via os inimigos ainda, mas sentia.
O Sul estava ali — invisível, mas perto o bastante para ouvir sua respiração.
Cantas por mim, pequena chave?
A voz de Dravon soou dentro da mente dela, baixa, sussurrante.
Teu ouro brilha mesmo quando o sol se esconde. Não sabes o que carrega?
Helena apertou os punhos.
— Eu carrego o que o Norte me deu.
Errado.
O tom dele mudou, afiado.
Carregas o que eu deixei em ti.
A dor veio como uma faísca — rápida, ardente.
A marca queimou.
Por um instante, ela viu