O Registro das Vigílias nunca tinha sido mexido por mãos desatentas.
Era regra da casa.
Era lei antiga.
Por isso, quando Erynn folheou as páginas naquela manhã, procurando o dia exato do grito de Kael — o dia em que a voz dele quebrou — ela não esperava encontrar um crime.
Mas encontrou.
No meio de duas páginas amareladas, densas de caligrafia apertada, havia um pedaço vazio.
Não em branco — vazio.
A superfície do papel estava raspada, como se alguém tivesse passado uma lâmina ali com cuidado, levando embora tinta, fibra, registro.
— Isso não é envelhecimento — murmurou.
Helena se aproximou.
— O que foi?
Erynn apontou com o cabo da pena.
— Aqui tinha um nome.
Lyria, sentada na mesa, balançando as pernas, franziu o cenho.
— Nome de quem?
— De alguém importante o suficiente pra ser arrancado — Erynn disse. — E importante demais pra gente ignorar.
Helena tocou o papel.
— Faz tempo?
— Muito. — Erynn suspirou. — Isso foi feito antes de eu assumir o livro.
Olhou para cima. — Antes mesmo da