A manhã amanheceu fria o suficiente para que o vale tivesse aquele silêncio úmido que só precede acontecimentos ruins. Helena sentiu isso antes mesmo de abrir os olhos. Era como se as paredes respirassem devagar — não de medo, mas de expectativa. Era o tipo de quietude que lembrava os minutos antes de uma batalha, quando o campo ainda parece pacífico demais, mas o ar já denuncia o que está por vir.
Kael estava de pé no pátio quando o sino tocou.
Uma vez.
Som único.
Som de visita indesejada.
Helena saiu à porta no exato momento em que três figuras cruzavam a ponte. A névoa do rio cobria-lhes os pés, como se o próprio vale tentasse engolir a passagem deles antes que chegassem. Dois soldados vinham à frente, armaduras polidas com o brasão do Sul — aquela serpente prateada que nunca tirava os olhos das coisas que queria possuir. Entre eles caminhava uma mulher de porte rígido, manto escuro, olhar treinado para medir, catalogar e julgar.
Ela parou diante do Alfa e ergueu o queixo.
— Sou Va