O som abafado da música eletrônica ainda pulsa nos azulejos do banheiro, os sons dos graves tremulando o ambiente, como se o mundo lá fora estivesse tentando invadir o espaço em que Celina tenta respirar. Ela apoia as mãos na pia de mármore negro, então arranca a máscara de seus rosto e encara o próprio reflexo — a pele vermelha, as pupilas dilatadas, os lábios entreabertos como se ainda buscassem ar.
Ela parece uma versão distorcida de si mesma.
— Que merda tá acontecendo comigo… — sussurra, e engole em seco.
Celina abre a torneira e joga água em seu rosto quente, mas não alivia.
“Não se esfregue em outros”, “não gosto de compartilhar” — as palavras de Dante ecoam em sua mente, fazendo os dedos de seus pés se contorcer.
Ela aperta os olhos com força.
Isso é loucura.
É só um cara. Um cara com o mesmo nome daquele maldito.
A imagem do outro Dante vem à sua mente. Dos olhos negros e intensos que sempre que a encaram por mais de um segundo ela sente como se estivesse presa no lugar. Do t