Isabela POV
A noite parecia feita de vidro — fria, translúcida e prestes a se quebrar.
O vento do mar trazia o cheiro de sal e ferrugem, misturado ao som distante das gaivotas e dos motores que ecoavam na escuridão.
O Cais do Luar ficava afastado da cidade, escondido entre colinas e armazéns abandonados.
Durante o dia, servia de abrigo a barcos esquecidos; à noite, tornava-se um palco silencioso, envolto em neblina e memórias.
Um lugar onde ninguém procuraria por fantasmas — nem por verdades.
A limousine preta parou a poucos metros da borda do cais.
Isabela desceu devagar, o sobretudo cinza esvoaçando com o vento.
O salto fino tocou o chão úmido, e o reflexo da lua se partiu sob seus pés.
Estava diferente — mais fria, mais contida.
O cabelo castanho-escuro caía em ondas sutis sobre os ombros, refletindo o brilho prateado da noite.
A pele clara contrastava com o batom em tom vinho, e os olhos verde-esmeralda, vivos e insondáveis, pareciam capturar toda a luz ao redor.
Era a mes