Isabela’s P.O.V.
O som do relógio era o único ruído vivo dentro da mansão.
Cada tic-tac parecia arrancar um pedaço do tempo — e, com ele, o pouco de calma que me restava.
Fazia três dias desde que tudo desmoronara: Luana desaparecera, Arthur sumira, e a sombra de Ethan se espalhava como névoa sobre cada canto da minha mente.
Três dias desde que soube que o menino que juraram morto… talvez nunca tivesse ido embora.
Sentei-me à beira da cama, sentindo o frio do piso de mármore sob os pés. O lençol amarrotado cheirava a vinho e perfume — lembranças de uma noite em claro, repleta de perguntas que o amanhecer não responderia.
A mão deslizou instintivamente sobre o ventre. O gesto era automático, protetor, quase ritualístico. O pequeno segredo que crescia dentro de mim era a única verdade que eu ainda possuía.
O espelho diante da cama devolveu uma imagem que mal reconheci:
olhos fundos, lábios pálidos, a força fria de alguém que aprendeu a sobreviver — mas que estava à beira de se desp