CAPÍTULO 72
O perfume do passado e o silêncio do presente
O voo para Paris parecia mais frio do que o ar-condicionado podia explicar. Eduard passou a maior parte do tempo com o celular na mão, respondendo mensagens e, por vezes, digitando longos textos, a testa levemente franzida. Entre um gole de café e outro, olhava pela janela do avião como se as nuvens pudessem oferecer respostas.
Alinna observava tudo em silêncio. Tocava a barriga de leve, sentindo o menino se mexer, e tentava decifrar se o desconforto vinha do assento estreito ou da distância crescente entre ela e o homem ao lado. Não houve conversa sobre a noite anterior. Não houve justificativas. Apenas o peso das horas preenchidas por sons metálicos do teclado do telefone.
Ao pousarem em Charles de Gaulle, a manhã cinzenta recebeu-os com vento úmido e cheiro de asfalto molhado. Enquanto aguardavam a bagagem, o celular de Eduard vibrou. Ele pegou, leu rápido e colocou no bolso. Alinna só viu a sombra de um sorriso breve antes