CAPÍTULO 19
Quando até o silêncio carrega cicatrizes
A madrugada engolia a cidade, vestida de neon e promessas vazias. Caio saiu do carro aos tropeços, rindo alto com Lucas, Ântoni e Gael. O cheiro de álcool impregnava sua camisa aberta, e os olhos vermelhos denunciavam o que as palavras tentavam esconder.
— Mais uma? — Gael gritou, segurando uma garrafa pela metade.
— Porra, Caio, você tá insano — Lucas comentou, embora com um sorriso torto nos lábios.
— É isso aí, irmão... a vida fode a gente, a gente fode ela de volta — respondeu Caio, jogando a cabeça pra trás, gargalhando alto, mas os olhos perdidos.
Não era só a bebida. Era o buraco.
Às três da manhã, ele chegou em casa com uma mulher nos braços. Alta, cabelos ruivos, vestido curto demais para o frio da noite. Os dois se agarravam no corredor, batendo contra a parede, rindo e se beijando como se o mundo não estivesse desabando.
Caio empurrou a moça com o corpo, derrubando um vaso de cristal que espatifou no chão. O som do vidro