CAPÍTULO 77
Entre a pista e o precipício
O vento frio do amanhecer no hangar cortava a pele como lâmina fina. O ronco distante do jatinho pronto para decolar misturava-se ao som firme dos passos de Eduard e Alinna, de mãos dadas, atravessando o asfalto em direção aos degraus.
Ela usava um casaco claro que contrastava com o terno escuro dele. Cada passo era calculado, cada toque na mão dela parecia um reforço de posse — como se aquele simples gesto fosse a primeira e última linha de defesa contra o mundo lá fora.
Eduard subiu dois degraus, mas parou. Algo, ou melhor, alguém, o puxou de volta para o chão.
A poucos metros dali, Caio estava encostado em um carro preto, os braços cruzados e o olhar cravado neles.
Eduard soltou a mão de Alinna.
— Fica aqui, amor — disse baixo, tocando o braço dela. — Eu já volto.
Desceu os degraus e caminhou até o irmão.
— Bom dia, maninho. O que faz aqui?
Caio sorriu de canto. — Está fugindo, Ed?
— Você me falou para levar ela embora.
— Eu falei que quero