CAPÍTULO 104
Quando um Bastien respira veneno.
Caio estava sentado à mesa de mogno da mansão, os dedos entrelaçados diante de si, como se prendesse nas próprias mãos a fúria que lhe percorria o corpo. O relógio marcava pouco depois das nove da manhã, mas o tempo parecia não ter pressa. A mansão, apesar do silêncio, tinha um som interno: o ranger das lembranças, o peso daquilo que ficou oculto por anos.
Ele encarava o vazio. Mas sua mente não estava ali. O pensamento o puxava de volta para dias antes, para a conversa que havia dado o primeiro passo rumo à guerra.
Flashback
O celular vibrou, a tela refletindo uma luz azulada no rosto tenso. Ele não hesitou em discar o número que conhecia de cor.
— E aí, Lucas. Cansado de não fazer nada?
Do outro lado, a risada inconfundível do amigo e cúmplice de longa data.
— E aí, irmão. O que manda?
Caio recostou-se na cadeira, deixando o peso da raiva temperar a voz.
— Preciso de você aqui. Vamos foder a vida de uns filhos da puta?
O silêncio breve