Alena Petrova
Eu não dormi naquela noite.
Deitei na cama de Mikhail, dormimos abraçados, ele cheirando meus cabelos, mas meus olhos permaneceram fixos no teto até o céu começar a clarear pela janela. As mensagens, a foto da minha mãe, o “essa é sua última chance” queimavam na minha mente sem trégua. Eu sabia que não podia contar a ninguém, muito menos a ele.
Mikhail mataria sem piscar, eu não tinha dúvidas disso. E talvez até me matasse por cogitar traí-lo. Mas se eu contasse, se ele descobrisse, minha mãe poderia ser a primeira a pagar o preço. Eu não podia arriscar.
E assim, quando a casa começou a se movimentar, quando as vozes dos empregados reverberavam, quando os passos pesados de Mikhail ecoaram longe, trancado no escritório, eu soube que não tinha escolha. Eu tinha que ir.
Levantei devagar, o coração martelando no peito. Peguei um casaco, o celular e a bolsa pequena que sempre usava. Me olhei no espelho por um instante: pálida, com olheiras fundas, parecia que já tinha perdido