Alena Petrova
A maçaneta girou devagar, e a porta se abriu só o suficiente para deixar passar uma pessoa passar. O pano de poeira na mão foi a primeira coisa que vi, o que me deu um certo alívio, depois o rosto de Olga surgindo com a expressão fechada, como se tivesse acabado de encontrar uma barata no meio da sala.
— Ah… é você. — disse, a voz carregada de um cansaço que não tinha nada a ver com a limpeza. — Por um instante, pensei que fosse o patrão.
Minha mão no bolso apertou a foto instintivamente, como se quisesse fundi-la à costura do tecido para ninguém ver.
— Só… estava procurando um livro. — falei rápido demais, e percebi pela forma como uma sobrancelha dela subiu que eu tinha me entregado.
Ela entrou e fechou a porta atrás de si com um estalo suave, quase educado, mas que soou como um aviso.
— Livro? — repetiu, deixando escapar um meio sorriso sem humor. — No escritório do Mikhail? Que mais parece um cofre?
Senti o calor subindo pelo rosto, e engoli seco.
— Eu… gosto de ler.