Alena Petrova
A primeira coisa que fiz quando entrei no carro foi reclamar do salto. Não era um salto extremamente alto quanto os que eu costumava usar em eventos que ia com Mikhail, mas ainda assim, incomodava. E optei por usar hoje porque não fazia ideia de onde ele me levaria.
A segunda foi perceber que Mikhail estava me observando com aquele olhar dele, que parecia atravessar a gente até sair do outro lado.
— Posso tirar os sapatos? — perguntei, já enfiando os dedos na lateral do scarpin.
Ele não respondeu. Só virou o rosto de volta para o volante e murmurou um "faça o que quiser". Clássico. Mas não sei se foi impressão minha ou se teve uma microexpressão ali, tipo um canto da boca querendo sorrir. Eu ficava caçando esses sinais dele como quem procurava ouro numa praia deserta.
O restaurante que ele me levou era elegante. Chique, mas, por incrível que pareça, não esnobe. Aquela coisa que tinha guardanapo de pano, mas ainda te servia comida que você reconhecia. Não que eu estivess