Alena Petrova
Eu ainda sentia o gosto dele na minha pele.
O corpo dolorido me lembrava de cada segundo da noite anterior. Da força. Da entrega. Do jeito como ele me invadiu com raiva e desejo, como se quisesse arrancar tudo de mim e, no fim das contas, acabou deixando tanto dele mesmo ali, marcado em mim, no meu corpo, na minha cabeça, no peito.
Mas não era isso que me deixava inquieta agora.
Era o outro Mikhail. O da xícara de chá. O do cuidado silencioso. O que deixou uma camisa dobrada sobre a cama como se aquilo fosse... carinho. Uma tentativa estranha de me envolver sem dizer nada.
Me vesti devagar, como se ainda estivesse tentando entender o que havia mudado. A camisa dele, larga demais, cobria quase até os joelhos. E o cheiro... era puro Mikhail. Cigarro suave, couro, um toque de alguma coisa amadeirada que me deixava tonta.
Fiquei andando pela casa sem rumo, sem coragem de voltar para o quarto, mas também sem querer sair dali. Eu queria... ver ele de novo. Entender. Sentir de