Mikhail Vasiliev
Quando vi aquela maldita portinha entreaberta, um alçapão que deveria estar oculto por baixo da madeira do corredor, meu sangue gelou. Eu sabia o que era. Sabia o que aquele lugar escondia. E Alena… Alena estava bem ali, com os dedos já agarrados na madeira, prestes a descer, como se tivesse o direito de invadir o passado dos outros, como se aquele cômodo sombrio e maldito fosse uma simples despensa.
Meu coração disparou. A lembrança daquelas paredes, da escuridão, do cheiro de mofo misturado a sangue, voltou como um soco no peito. Aquele porão carregava fantasmas. Histórias que ninguém deveria reviver. Nem mesmo eu.
Ver aquela garotinha inconsequente prestes a pisar ali foi como ouvir o tilintar de uma corrente que eu pensava ter quebrado há anos. Corri. Agi no impulso. E antes que ela sequer tivesse tempo de gritar, já estava nos meus braços, se contorcendo como se eu fosse o próprio demônio. E, sinceramente, eu tinha lá minhas dúvidas se eu não era.
— O que você pe