Alena Petrova
Era óbvio que tinha alguma coisa errada. Desde que Mikhail voltou, depois de passar o dia quase todo fora, ele não era o mesmo. Estava mais calado do que o normal, com aquele olhar perdido que só ele sabia ter quando o mundo lá fora parecia invadir a fortaleza que ele se esforçava tanto para manter de pé. Nem tentou disfarçar — o que era um pouco estranho vindo dele. Pelo pouco tempo que a gente estava convivendo sob o mesmo teto, ele parecia ser mestre em esconder o que sentia, mas dessa vez... parecia que nem fazia questão.
Eu observei ele de longe, do outro lado da sala. Estava no escritório, mexendo em alguns papéis, digitando alguma coisa no notebook e com o celular grudado na orelha. Nem olhou para mim quando entrei. Só acenou com a mão, como quem quer dizer: “Agora não.”
Respirei fundo, me segurando para não deixar o incômodo crescer dentro de mim. Peguei uma das xícaras de porcelana que ele parecia gostar, em um dos armários e fui preparar um chá. Se ele não quer