Isso é para você aprender a não me provocar.
Logo uma pequena lógica se instalou na minha cabeça, quase como um alerta de sobrevivência: Ele quer uma reação. Um motivo para brigar. Não lhe dê um. Então, respirei fundo e disse, o mais calma que consegui:
— Eu também sofri o acidente, como você. Tive também sérias consequências. Você acha que é fácil não me lembrar de absolutamente nada? E, no entanto, estar aqui, ser forte o suficiente para seguir em frente... — Minhas palavras saíram mais firmes do que eu imaginava.
Ele abaixou os olhos, encarando o chão como se houvesse algo ali mais interessante que eu. Quando finalmente me olhou, o olhar estava gelado, cortante.
— E quem disse que eu não segui? Refiz minha vida, sim. — A boca dele crispou, como se até aquele reconhecimento lhe causasse desconforto.
Pisquei, cruzando os braços.
Ele está mesmo acreditando nisso?
— Com essa sua atitude? — Inclinei levemente o rosto, arqueando uma sobrancelha. — Sinto muito, mas não é o que parece...
Ele cerrou a mandíbula, as linhas do maxilar f