E saio. Antes que eu me perca mais.
Santino
A frieza das palavras dela me atinge como uma ducha de água gelada sobre o meu corpo em brasa. Congela o sangue nas veias. O coração estanca. Meu sex appeal, que já andava por um fio, despenca de vez, e não sei lidar com isso.
É ira. É amargura. É tudo misturado.
Tudo o que eu queria agora era que aquele desgraçado pagasse. O bêbado no caminhão. O infeliz que cruzou o farol vermelho e destruiu tudo. Um sonho. Uma vida. A minha.
Respiro pela metade. Seguro o grito que está preso na garganta. Tenho vontade de dizer que ela é minha. Que fui eu quem ela amou um dia. Mas engulo as palavras e apenas assinto.
Ela se afasta. Me deixa. E eu fico ali, parado, com a respiração descompassada, observando cada passo que ela dá.
Ela vai encontrar alguém?
A pergunta me atravessa antes que eu possa me proteger.
Para. Para com isso. Não se iluda.
Me repito em silêncio, como um mantra. Como um afogado tentando se convencer de que ainda tem ar. Mas não tem. Nenhum.
Meu peito está um campo minado.