Marina
Eu luto.
Luto desesperadamente para manter minha compostura. Por fora, seguro o que posso. Mas por dentro... meu coração está trovejando no peito. Barulhento. Descontrolado. Violento.
Cruzo o hall, atravesso a sala iluminada pelo imenso lustre de cristal, que parece zombar do meu estado emocional, refletindo cada luz como se dissesse "olhe bem para o caos que você vive, querida."
E lá está ele.
Santino.
De frente para o bar, enchendo um copo de uísque. Ombros rígidos, expressão dura, mandíbula travada. Um homem que carrega um vulcão inteiro dentro dele.
Ele me ouve entrar. E, imediatamente, seus olhos... meu Deus, aqueles olhos... voam para mim.
Negros.
Intensos.
Cortantes.
—Oi. — Solto, a voz mais baixa do que eu gostaria, como quem tateia o caminho no escuro, sem saber se vai encontrar saída... ou precipício.
Ele me encara. Mas não responde.
Silêncio absoluto.
Só o tic-tac do relógio preenche o espaço.
Não. Não. Não. O retorno do Ogro, não.
Sinto o rosto queimar. Fico vermelh