Naira
Somente agora consigo reparar no homem à minha frente. Ele é um homem imponente, com cerca de 1,95m de altura, ombros largos e uma estrutura atlética. Seu corpo é esculpido, com músculos definidos, evidenciados pelo terno de lã preta, cortado perfeitamente para realçar sua silhueta.
Seu rosto é uma obra de arte: traços fortes, queixo definido, nariz reto e olhos profundos, azuis como o céu. Suas sobrancelhas são espessas e bem definidas, emoldurando olhos que parecem ver além da superfície. A pele é morena, com um brilho saudável.
Seus cabelos são castanhos, cortados rente, com mechas claras que realçam sua textura sedosa. O corte é perfeito, destacando seu rosto angular.
Seu sorriso é devastador: largo, confiante e sedutor. Os lábios são cheios e firmes, curvando-se suavemente para cima.
Seu olhar é penetrante, como se pudesse ler meus pensamentos. Há uma intensidade nele que me deixa sem fôlego.
O terno preto é impecável, com detalhes sutis em cinza. A camisa branca é de seda, com punhos engomados. A gravata cinza-clara adiciona um toque de elegância. Os sapatos pretos brilham, complementando o visual.
Seus movimentos são fluidos, confiantes. Cada passo exala autoridade e controle. Ele é um homem que sabe seu valor.
Há uma aura de poder ao seu redor, uma presença magnética que atrai e intimida ao mesmo tempo. Brandon é um líder nato, um homem que comanda respeito.
Suas mãos são fortes e bem cuidadas, com dedos longos. Seus braços são musculosos, evidenciados pelo terno justo. As pernas são longas e fortes, como se escondesse uma história.
Como sei isso tudo? Como sei sobre algumas coisas? Por que meu cérebro não lembra quem sou, mas sabe tudo isso? Aí, droga, lá vem a dor de cabeça.
— Naira? — não olho para ele já que não identifico o nome — Amor, você se chama Naira Thorne Goodman, eu me chamo Brandon Goodman e sou seu marido. Nos casamos há um ano, e há seis meses você deu entrada nesse hospital com uma bala alojada na cabeça.
— Uma bala na cabeça? — coloco as duas mãos na minha cabeça, meus olhos ficam úmidos — Por que fariam algo assim comigo?
— Infelizmente tenho alguns inimigos na política e um deles contratou um assassino de aluguel! É culpa minha você estar aqui.
— Pode me contar um pouco mais sobre mim?
Ele sorri e se senta na beirada da cama segurando firme a minha mão. Sinto algo aquecer no meu peito, sinto segurança, uma estranha segurança.
— Você tem vinte e seis anos, faz aniversário dia vinte e seis de dezembro. É doce, adorável e gentil, ama ajudar todo mundo mesmo não ganhando nada em troca. Infelizmente você é órfã, até tentamos encontrar seus pais biológicos, mas não conseguimos. — Brandon fala e seu olhar fica triste.
Sinto angústia e vontade de chorar quando ele diz que sou órfã. Como deve ter sido minha infância? Será que ninguém me adotou? Como cheguei à idade adulta?
— Agora me conte sobre você e depois me conte como tudo aconteceu entre nós. — Peço ainda perdida dentro de mim.
— Eu tenho quarenta e um anos, sou de Byteville assim como você. Nos conhecemos no comitê eleitoral há alguns anos atrás, você entrou como estagiária e uma semana depois já era minha assistente.
Ele fala e eu tento mentalizar tudo, mas não consigo. Não me vejo trabalhando com ele ou para ele. Tudo está confuso demais… devo prosseguir com essa conversa?
— Tudo entre nós começou com uma grande e firme amizade até que me apaixonei por você, mas guardei o sentimento para mim não queria perder sua amizade. Pensei que perderia se contasse a verdade.
— Eu não era uma pessoa boa?
— O que? Claro que é uma pessoa boa, é maravilhosa! Só quando me beijou no ano novo do penúltimo ano que começamos a namorar. Você confessou seu amor por mim no ano novo e no ano novo seguinte nos casamos.
— Como somos como um casal?
— Intensos! Nosso amor físico deixa nosso amor romântico cada dia mais forte. Mesmo você sendo tímida e romântica quando começamos um beijo tudo muda e acabamos sem roupas. Mas tirando essa parte somos sempre românticos um com o outro.
Românticos? Será que minha vida de casada é realmente boa? Isso me deixou curiosa, já cresci sem o amor de uma mãe e um pai pelo menos ele parece me amar.
— Como conseguiu manter o romantismo esse tempo todo?
— É simples, eu amo te enviar buquês de rosas vermelhas, são suas preferidas. Amo te enviar chocolates, você ama chocolates. Te envio mensagens de amor, mensagens de bom dia, boa tarde e boa noite, mesmo quando estamos em casa juntos. Te levo para jantar em lugares que a deixam emocionada, já acampamos na praia depois de um jantar.
— Como foi esse jantar? Pode me contar os detalhes?
— Eu organizei tudo com carinho. Uma tenda de seda branca, iluminada por velas suaves, que se erguia sobre a areia macia. Rosas vermelhas frescas adornavam a mesa, exalando seu perfume inebriante. A lua cheia brilhava intensamente, projetando um caminho prateado sobre o mar deixando tudo perfeito. O som das ondas quebravam suavemente, criando uma melodia serena. Você entrou na tenda, e seu olhar brilhou de surpresa e encantamento. Seus olhos brilhavam como estrelas. Você estava deslumbrante em seu vestido de seda azul-marinho. Ao ver a surpresa romântica, seu rosto se iluminou com um sorriso radiante.
Ele para de falar, está emocionado com a lembrança. Eu queria lembrar também para ter a mesma experiência que ele está tendo, mas sou obrigada a me contentar apenas com o que estou ouvindo.
— Você se sentiu amada, especial e única. Seus olhos se encheram de lágrimas de felicidade. Nós nos sentamos à mesa, e eu servi o jantar: frutos do mar frescos, vinho branco gelado e chocolate. Cada garfada era uma explosão de sabores. Nossa conversa fluía como o mar. Rimos, sonhamos e compartilhamos segredos. Foi uma noite perfeita. Quando a noite terminou, caminhamos pela praia, de mãos dadas, sob o céu estrelado. Foi mágico. Você se sentiu amada, protegida e feliz. O resto da noite passamos nos braços um do outro.
Não sei o que esperar da vida depois que eu sair daqui, assim como não sei se devo seguir o homem que diz ser meu marido. Por que não me lembro pelo menos dele?