Eduardo
Nos primeiros dias depois do acidente, Eduardo quase não dormiu.
Quando finalmente cedia ao cansaço, o sono o traía.
Os pesadelos sempre o levavam de volta à estrada — a noite fria, o cheiro de gasolina, o sangue escorrendo pelo rosto de Vivian enquanto ele gritava o nome dela sem resposta.
Acordava sempre da mesma forma: suando, o peito em chamas, com a certeza de que não conseguiria sobreviver se ela morresse.
Mas Vivian estava se recuperando — e o rejeitava com a mesma determinação de quem decide apagar um incêndio.
Ele fez tudo o que pôde.
Trouxe uma equipe médica de ponta da capital: especialistas em ortopedia e reconstrução. Tudo sem que ela soubesse, temendo que recusasse o tratamento se descobrisse.
Como fora expulso do quarto por ela, alugou o quarto ao lado.
Quis falar algo, explicar, pedir perdão talvez — mas se manteve afastado. A prioridade era sua recuperação.
A mulher que dormia no leito ao lado era uma estranha.
Os traços eram os mesmos, mas os olhos — quando o