Vivian
O primeiro som que ela ouviu foi o bip compassado das máquinas.
Depois, o cheiro de álcool e desinfetante.
E, por fim, o peso de algo quente segurando sua mão.
Vivian piscou devagar. A luz branca do quarto de hospital a cegou por um instante. Tentou se mover, mas uma dor aguda atravessou o braço - um gemido escapou de seus lábios.
- Ei... calma. - A voz era grave, rouca, conhecida demais. - Você está no hospital. Está tudo bem agora.
O mundo girou, mas, quando o foco voltou, ela o viu.
Eduardo.
Sentado na poltrona ao lado da cama, o rosto pálido, a barba por fazer, as olheiras profundas. O cabelo desalinhado denunciava noites sem dormir.
Mas o que mais a atingiu foi o olhar dele - uma mistura de alívio e culpa que ela nunca tinha visto antes.
Vivian tentou afastar a mão, mas ele a segurou com firmeza.
- Não faz isso - murmurou. - Eu achei que tinha te perdido.
Ela piscou algumas vezes, confusa, a voz falhando:
- O... o que aconteceu?
- O carro. - Ele hesitou. - Vocês sofreram u