Oitenta

Vivian

A imagem ficou gravada em sua retina como uma fotografia maldita: Eduardo e Elisa, enclausurados no banheiro feminino, tão próximos que quase compartilhavam a mesma respiração. O celular na mão dela, a expressão intensa dele - cada detalhe queimando em sua memória com a precisão cruel de um ferreiro marcando gado.

Vivian não conseguia deixar de sentir. A dor era familiar, uma velha conhecida que batia à sua porta sem avisar, trazendo consigo o mesmo estraçalhar no coração, os mesmos punhais imaginários perfurando seu peito a cada respiração. Havia uma ironia cruel em como seu corpo reagia, afinal, ela já havia se treinado para isso, construído muralhas ao redor de seu coração, jurado a si mesma que nunca mais permitiria que Eduardo Braga a ferisse novamente.

E ainda assim, lá estava ela, no meio de sua própria noite de sucesso profissional, sentindo as mesmas facadas no mesmo peito, como se os últimos meses de reconstrução pessoal nunca tivessem acontecido.

O que a surpreendeu
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